sábado, 31 de janeiro de 2009

Maléfico Pensamento

Memoria profética de um momento sagaz, audaz na rigidez do aço na ponta da lança, no cume da língua fervilhando de sons mudos na efervescência do ser cortante nos gumes extremos da heresia amorosa, apaixonadamente odioso para com o mundo e sedutor dos malefícios e incumbências desnecessárias, dos ofícios rebeldes, inutilidades do falso acto de ser não sendo e não querendo ser o que se é. A negação quase continua de tão intermitente na transmissão de cadeias sequenciais em formula magica de loucura mundana a partir do momento em que o teclado é activado na tecla “Delete” em tom de apagar e em força de eliminar sem rasto tudo o que em mim, em nós foi ser vivente e pujante sem barreiras ou grilhões.
Mas que digo eu afinal!?

Estou estúpido de tanto acontecimento que me passa pelos olhos e não pelas mãos, fugindo do controlo mas desafiando-me com soluções finas que mal se podem ver mas que cortam de tão ténue toque deixarem para trás quando acariciam a superfície suada da minha testa irracional….


Quero parar de pensar!


Tenho de parar de pensar…. Os pensamentos são demasiados, massa volúmica de incompreensão que testemunha a minha incapacidade de acomodar as transformações, mutações das percepções sujeitas a radiações intensivas e extensas na luz vermelha do nosso olhar…

A minha mente tóxica envenena-me cada dia mais e mais e mais e mais!

O antídoto é impossível de fabricar e os analgésicos não aliviam a dor que escondo, só a que mostro sem querer...

Obscuramente
(André Afonso)

A Tortura dos Anjos

Quando tudo parece bem o mal cresce nas profundezas do ser... o equilíbrio fatal é certeiro e jamais se lhe pode escapar...

O ar é cortante nesta hora de pensamento mas a vida é curta e nem vale a pena respirar duas vezes para escrever isto... direi o que direi mais uma vez sem sentido... sem destino nos dedos escrevo, descrevo e transcrevo o que sinto ou talvez não sinta e finja sentir... na me cabe a mim dizer nem a outros descobrir a verdade por baixo e à frente das minhas palavras e sem demorar mais digo...

Digo que a morte dos anjos não está numa luta ou numa batalha... mas na imortalidade... no sentimento que a morte não chega e a vida já deixou de o ser...
Todo o tempo do mundo é tempo demais e eu já não quero viver mais... não sou anjo... não quero sê-lo... mas sinto que esta vida é demasiado longa...

Estou tão farto... tão exausto... tão cheio... tão enjoado de viver...

Mas a derradeira hora não chega... e eu não a farei chegar... não me cabe a mim acabar pois ainda nem comecei...

Sem rodeios... estou sem força para este mundo... sem tabu digo que não quero viver muito mais... Sem preconceito digo que estou sozinho... e sem magoa digo que nada deixo para trás...

Sem mais uma palavra... digo apenas... adeus...

Obscuramente
(André Afonso)

domingo, 18 de janeiro de 2009

Cada vez que ajudamos alguém...

Cada vez que ajudamos alguém, sentimo-nos bem porque sabemos que fizemos o nosso melhor para tentar ajudar essa pessoa e essa retribui a nossa ajuda com um sorriso e com um agradecimento, que nem sempre é preciso dizer porque o demonstrou.
Cada vez que ajudamos uma pessoa ficamos realizados com o que fizemos porque sabemos que ela ficou bem.
Quando damos o nosso apoio a alguém, esperamos sempre que seja bem recebido e que seja bem visto pela pessoa que tentamos dar esse apoio, sem que estar à espera de nada em troca a não ser um sorriso de agradecimento. Quando chega a nossa altura de receber o apoio de alguém e essa pessoa vê o quanto precisamos de ajuda, sente-se na “obrigação” de o fazer porque já esteve na posição que nós estamos. Mas também acontece ao contrário, pois a vida é feita de justiça e de injustiça e tanto hoje podemos ser nós a estar bem ou mal como outra pessoa amiga que tanto gostamos e nos é querida.
Hoje podemos estar felizes mas amanhã já podemos estar infelizes e precisamos sempre de apoio.


Amorvosso

Antes de ver a luz!

Antes de ver a luz...

Terás de morrer... pois a morte não é um antagonismo à vida... mas sim um complemento...

Antes do teu momento irás olhar o céu e perceber a dor dos que chamam o anjo negro para si...

A praga que te lanço é imortal contigo e apenas para ti! Sem sentimentos vais sentir o frio entrar nos ossos que carregas e a pele que tanto amas irá ser comida para vermes...
Queres beleza para ti? Sim eu sei que a queres... sei que apenas queres amar o belo para não te sentires tão feia... és muito feia... mas nada disso importa... nada disso importou para mim... até sentir por dentro a tua fome e quão inútil eu era... pois não te saciava....

Pois esta será a minha praga... morrerás cheia de coisas belas... belezas tão falsas como a tua língua... pois não sabes o que dizes e finges sem parar... nem paras para respirar.... Até o gesto que fazes ao abrir os lábios é falso...
Afogarte-ás em falsidade... e irás engolir tudo o que cuspiste para mim!

Sim será lindo ver-te morrer... definhar... e serei eu a cravar o ultimo prego da tua cruz... eu espero...

esperarei... paciente e imóvel... feio na verdade nojenta... e com olhos de droga irei estender-te a mão 3 vezes... para pedir... para ajudar... e para te matar...

Sou pedreiro das emoções... e farei a mais bela lapide para ti... simplesmente não terá o teu nome ou o dos teus... e será bela... uma pedra vazia e livre.... linda... fria....

E intocada...


Morre em paz minha pedra adorada... se conseguires....


Obscuramente

(André Afonso)

Amizade












(Imagem de Marisocas)

Na escuridão andava
Pelas lágrimas navegava
Com um sorriso tenso
Com um sentimento imenso

Cheio de dor e angustia
Coração com maresia.
Sem forças para lutar
E sem forças para se alegrar

De repente, uma mão amiga
Estende-se com alegria
Com um sorriso natural
Fascina-lhe o astral

Dá a sua mão
E deixa a solidão
Sozinha e abandonada
Carente e enfeitiçada

Segue seu caminho
Com muito carinho
Com a sua mão amiga
E que com ela consiga

Sentir a felicidade
De ter mais amizade
Das pessoas queridas
Que não deixam feridas

No coração animado
E sem a solidão a seu lado
Para não volta a entristecer
Sua alma e seu ser.


Marisocas

domingo, 11 de janeiro de 2009

Num único momento...

Parte-se uma lágrima
Nos meus dedos marcados
Deslizando em vidros quebrados
Pelas impressões digitais
Da minha não pessoa
A identidade que não se revela
Foge como agua
A tinta da minha cor
Nos sentimentos que não pegam
Na tela de emoções
Ainda branca
Preta no escuro
Perdida
Solitária que uiva
Morta que chora
E viva que grita
Num pranto desesperado
Cortado de dor
Doloroso e lacerado
Golpes que não saram
Sangue que já não escorre
Infecção nos nervos
Tremores sólidos
Sentido sem direcção
E direcções sem sentido
Vida que não é vida…

Desespero que leva a uma morte inevitável…

Obscuramente
(André Afonso)

Sei quem és…

Sei o que fazes…
O teu tipo não me foge…
Pressinto o teu medo ao longe…
Sinto a raiva que tens a ti própria…
E sinto o temor que tens de mim…

Sei que és assim…
E sei que não és…
Sei o que tu não sabes…
Simplesmente sei…
Sei o teu ser em detalhe…
Como sei cada canto do meu quarto…

Não podes fugir…
E não te podes esconder…
Entrega-te…
Sofre comigo…
Morre nos meus braços…
E vive de novo…

Nasce mais uma vez…
Na ponta dos meus dedos…
Nos beijos dos meus lábios…
Vem… vem até mim…
Para mim…

Entrega-te num abraço…
Nestes braços…
Nos teus braços…
Abraça-me…
Leva-me…
Não fujas… nunca mais fujas de mim…

Preciso de ti…
Quero-te tanto que enlouqueço…
Morro… caio… enterro-me…
Não há bala nem lamina
Que acabe com essa dor…
É o mesmo que estar morto e viver a morte…

Fica só mais um minuto…
Mais um segundo…
Mais um momento…
Um presente…
Um futuro…
Fica comigo…
Para sempre…

Obscuramente
(André Afonso)

Doce despertar

Desperto com a melodia da cotovia
a baloiçar no peitoril da janela.
Abro a vidraça de par em par
e inspiro o ar da brisa matinal.
Desponta a aurora em cor e luz,
o sol acorda e a flor sorri...
Ouço o canto do vento
bailando ao som da água corrente.
Numa explosão de sentimentos
redescubro a beleza do amanhecer!


Singularidade

O espelho

Olhas o espelho pausadamente
Reflectindo no que ele reflecte
Olhas taciturna e apaixonadamente
Uns olhos e um sorriso que te compromete

Os olhos suavemente acabas por fechar
Mas rapidamente os voltas a abrir
Percebendo que é tudo mais do que sonhar!
Inspiras! Limpas as lágrimas e voltas a sorrir

Procuras o sorriso desaparecido
Perdido há muito e agora descoberto...
Olhas intensamente. Tens a vertigem de ter fugido
Mas aqui estás, de coração aberto

Olhas os expressivos olhos reflectidos
Estudando atentamente a sua cor
Fascínio! E perdes os sentidos...
De novo acordas envolta em esplendor

Mentalmente beijas os lábios que se perfilam
Sentes também o seu doce tocar
Imaginando as mãos que cintilam
Por a tua alma fugaz abraçar

Olhas o espelho e o que ele reflecte
Fechas os olhos e deixas-te embalar
Assim como o icebergue que derrete
Quando sentes que te estou a abraçar...

Miguel Augusto

sábado, 3 de janeiro de 2009

Amanhecer

Acordo de manhã, com disposição
E com palpitações de emoção.
De me sentir alegre e viva,
O que me deixa sempre cativa.

O sol já brilha lá fora,
No sabor da aurora.
Com uma luz cintilante
E muito brilhante

Para poder iluminar
O meu demorado espreguiçar,
Para me levantar docemente
E com a leve mente.

Ouvindo música suave
Para, que nos ouvidos não seja entrave.
E acordar alegre e sorridente,
Feliz e contente

O dia corre bem
E a noite já lá vem
Para adormecer no regaço
Da minha doce cama, com espaço.


Marisocas

Alcance da felicidade

Custou muito mas foi
Conhecer o rapaz
Que amamos mas longe está
Conhecer
Desejar
Sofrer
Falar….
Conquistar amor de longa data
Transmitir o melhor
E maior
Sentimento do mundo
Esse é o Amor.

Marisocas

Tu que és poesia…

Também eu quero ser poesia um dia... Atingir a perfeição no espírito humano e ser lembrado palavra por palavra por páginas soltas em todas as almas...
Cantar as minhas glórias fracassadas e os meus fracassos gloriosos...
Chorar os amores amados e as paixões odiosas assim como os ódios apaixonados que me puxam para a frente centímetro a centímetro quilómetros sem fim... arrastado pelo chão de navalhas como se arrasta um trapo pela terra e se pisa sem pensar que pode ter vida...
E eu tenho vida... eu sou o trapo vivo... o lixo que respira... a morte que nasce do nada para o todo... Eu sou a terra que se torna barro e o barro que se fez homem a imagem de si próprio tal como deus escultor e artesão de vidas, almas e espíritos sem fronteiras sem bandeiras, sem limites e sem nome...
Quero ser eu... o deus André que cria vida na sua vida e afasta a morte enquanto a segura com firmeza nos dedos sem se cansar e sem a deixar escapar das mãos ate ao ultimo suspiro ate ao ultimo bater de coração ate ao ultimo pensamento... ate ao ultimo sentido... eu seguro a morte junto da vida com todo o corpo num abraço junto-as e obrigo-as a amar-se... morte e vida repelem-se e lutam contra mim...
É essa a força de dois pólos que me faz viver a morte como filosofia de vida e morrer para a vida em meu redor... sou esquecido e afastado, cortado e queimado tal como membro a amputar ou tecido morto e eliminar... sou uma infecção mental para todos os que sentem a minha mente escapar-se-lhe entre os dedos ao ser tão escorregadia... a frustração de apanhar areia... os grãos tão pequenos dos meus sonhos e ideias que acabam por engolir os que me querem pisar sem precaução... sem caução... sem pagar o preço da minha vida e sem alugar a chave da minha mente... são esses que me batem nas portas da alma para entrar e me magoam por fora... Mas por dentro... hhaaaa... por dentro é tudo escuro e igual ao que sempre foi... negro e desarrumado... mas é nesta escuridão que eu fecho os olhos e descanso... e é nesta confusão em que eu mais depressa encontro o que procuro... pois tudo esta espalhado pelo chão... e não há nada que eu não alcance ao me baixar...
Ao voltar a terra...
ajoelhar-me...
Para pedir perdão a mim próprio...
É ao estar curvo...
Ao louvar a minha alma de deus...
É nesse momento de oração pagã que encontro um papel perdido com a resposta...
É no chão que encontro as minhas poesias perdidas... os meus papéis eternos... a minha escrita desvairada e os meus pensamentos mais perfeitos... puros... insanos... honestos... loucos... verdadeiros... macabros... límpidos... obscuros...

Eu sou eu... tu és poesia... tu és perfeita... e eu sou apenas... eu...

Obscuramente
(André Afonso)

No inicio

No início era vida
No início fui a vida
No início fui mais uma vida
Em princípio era actor
Em princípio era principal
Em princípio era único
Era vida e fui enterrado
Era amor e fui odiado
Era cuidado e não passei de um descuido
Sou um caminho sem sentido
Sou sentido sem pensamento
Sou miséria na fartura
Estou farto de ideias
Estou cheio de sonhos
Estou enjoado de saber
Estou morto de dúvida
Serei mais um nada
Serei mais um todo
Serei mais um nada no todo
E no fim serei resumo
E no fim gritarei
E no fim ouvirás
E no fim apenas será isso

O fim…

Obscuramente
(André Afonso)

Caminhando

Caminhando, caminhando
Meus passos vou marcando
Na negra estrada da vida!

Vida, eterna despedida
Dos dias que vão passando
E eu, olhar sereno, cabeça erguida,

Caminhando, caminhando
Meus passos vou marcando
Rumo à terra prometida!


Luis

(Lanterna)

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009